CÂNCER DE PRÓSTATA

Dúvidas sobre o câncer de próstata? A gente te ajuda

  Tempo de leitura: 20 minutos

 

Você sabia que o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os brasileiros? Com mais de 60 mil casos por ano, ele perde apenas para o tumor de pele não melanoma. Segundo o Ministério da Saúde, um homem morre da doença a cada 36 minutos e, embora o diagnóstico precoce aumente as chances de cura, os exames de rastreamento ainda são vistos com preconceito por uma parcela da população. 

 

Não é à toa que a doença é foco de diversas campanhas preventivas, como a Novembro Azul e até mesmo a Movember, na qual alguns homens deixam o bigode crescer como símbolo de incentivo para cuidar da saúde.

 

É importante estar por dentro do assunto. Por isso, respondemos todas as suas dúvidas sobre câncer de próstata.

Afinal, qual é o papel da próstata?

Antes de nos aprofundarmos sobre o câncer de próstata, é preciso entender o que é e qual é o papel dessa estrutura no corpo.

 

A próstata é uma glândula exclusivamente masculina que fica embaixo da bexiga e em frente ao reto. Por dentro dela passam a uretra – o tubo que leva urina para fora do corpo – e os ductos ejaculatórios. É justamente nestes últimos que iremos nos concentrar.

 

A principal função da próstata é produzir o líquido prostático que, por meio dos ductos, entra em contato com o líquido produzido pelas vesículas seminais. Juntos, eles formam o sêmen, substância responsável por nutrir, proteger e ajudar na locomoção dos espermatozoides enviados pelos testículos. No ápice do prazer durante a relação sexual, a próstata se contrai e envia essa mistura em direção à uretra, que a expulsa pela ejaculação.

 

Você deve estar se perguntando “Mas porque a urina não sai junto do sêmen, já que passa pela uretra?”. E a resposta é: porque a próstata não deixa. Na ejaculação, o colo vesical, que controla a saída da urina da bexiga contrai, evitando que o xixi escape.

 

Na juventude e no início da vida adulta, a próstata é pequena, menor que uma noz, enquanto em homens mais velhos ela pode aumentar, assim como o risco de desenvolver câncer nessa glândula.

O que é câncer de próstata?

Agora que você já sabe qual é o papel da próstata, que tal falarmos sobre o tumor que a acomete?

O câncer de próstata surge quando as células que compõem a glândula se transformam. Conforme essas células malignas se multiplicam, o tumor cresce.

 

O tipo mais comum dessa doença é o adenocarcinoma, que se origina nas células envolvidas na fabricação do líquido prostático, chamadas de ácinos. Há também outros tipos, como sarcomas e carcinomas, porém suas incidências são mais raras.

 

Em geral, o câncer de próstata cresce devagar e nos estágios mais precoces não apresenta sintomas, por isso pode não se manifestar até seu estágio avançado, quando muitas vezes já se espalhou para outras partes do corpo e se torna incurável. Por isso, nada de levar o assunto na brincadeira, certo?

Quais são seus sintomas?

Na grande maioria dos casos, o câncer de próstata é assintomático, especialmente nos estágios iniciais - e esse é um dos principais perigos da doença.

 

Por isso é tão importante fazer o acompanhamento médico para aumentar as chances de detectá-lo ainda nas primeiras fases de desenvolvimento e, consequentemente, de tratá-lo com eficiência.

 

Mas sabia que em casos avançados a doença pode causar sintomas como dificuldade e dor para urinar?  Se sentir algum desses sinais, busque ajuda médica para investigar a causa.

 

Entre os principais sinais e sintomas do câncer de próstata, estão:

 

Dificuldade
para urinar

Necessidade
frequente de
fazer xixi

Diminuição da
força do jato
urinário, que
muitas vezes
passa a gotejar

Sensação de
que a bexiga
não esvazia

Sangue no
sêmen e na
urina

Desconforto na
região pélvica

Quais são os fatores de risco para o câncer de próstata?

Alguns fatores aumentam sua chance de ter câncer de próstata, embora não causem diretamente os tumores. Por exemplo, pessoas com vários fatores de risco podem nunca desenvolver a doença e enquanto pacientes que não apresentam nenhum fator podem tê-la.

 

Ainda assim, todo cuidado é pouco. Caso você apresente um ou mais fatores, não esqueça de dar atenção especial aos exames e consultas de rotina. 

 

Fatores que não podem ser controlados

Idade
É o maior fator de risco. A mortalidade e o risco de sofrer com a doença aumentam após os 50 anos;

Histórico familiar
Se você tem pai, irmão ou filhos que tiveram esse tipo de tumor, as chances de também desenvolvê-lo são maiores;

Etnia
Pessoas negras têm mais risco de desenvolver o câncer de próstata do que pessoas brancas. Elas também têm o dobro de probabilidade de morrer da doença;

Carga genética
Algumas alterações genéticas hereditárias aumentam o risco de ter câncer de próstata, como a mutação do do gene BRCA2.

Se você apresenta um ou mais fatores de risco incontroláveis, procure um urologista para decidir a melhor estratégia para você antes mesmo dos 50 anos. 

 

Fatores que podem ser controlados

Alguns fatores de risco para câncer de próstata dependem do nosso estilo de vida, por isso podem ser evitados ou controlados. Conheça quais são:

 

Exposição a determinadas substâncias
O contato com certos compostos no ambiente de trabalho pode aumentar o risco de câncer de próstata. Um deles é o cádmio, presente em indústrias de fundição e refino de cobre, chumbo e zinco. Também existem evidências que trabalhadores expostos a bifenilas policloradas (PCBs) e agrotóxicos tenham mais risco. Há ainda incidência maior de tumor de próstata em bombeiros, provavelmente devido à inalação de substâncias tóxicas liberadas pelo fogo e fumaça.

Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) 
Pessoas com gonorreia têm maior risco de câncer de próstata, já que essas doenças são capazes de inflamar a glândula.

Excesso de gordura corporal 
Se você apresenta sobrepeso ou obesidade, tem risco maior de desenvolver o tumor na próstata.

Alimentação
Os alimentos ultraprocessados aumentam as chances de desenvolver qualquer tipo de câncer.

Independente da sua idade, se você apresenta um ou mais fatores de risco, procure um médico para entender mais sobre a prevenção e o rastreamento da doença.

 

Como é feito o diagnóstico?

Ainda é comum encontrar homens que só vão ao médico quando estão com sintomas preocupantes ou quando alguém insiste de uma maneira que não há escapatória: ou ele vai, ou vai. Porém, assim como uma mulher vai ao ginecologista anualmente, o homem deve ir ao urologista.

 

O checkup anual é ainda mais importante após os 50 anos – ou antes, se há fatores de risco –, idade na qual há maior chance de ter a doença. O rastreamento visa diagnosticar o tumor ainda no estágio inicial, quando a taxa de sucesso do tratamento é elevada.

Principais exames para investigar câncer de próstata

Na consulta, o médico urologista solicitará testes gerais e específicos para a próstata, incluindo a dosagem do PSA (Antígeno Prostático Específico). Ele também realizará o exame de toque.

 

PSA

PSA

É um exame de sangue simples que mede a quantidade do antígeno prostático específico, cuja sigla em inglês é PSA, no corpo. Essa substância é produzida pela próstata e em excesso indica suspeita de câncer.

Como pôde perceber, falamos aqui de uma suspeita. Não é possível ter certeza do diagnóstico só por esse teste, já que outras condições também interferem nos níveis de PSA no sangue, como inflamação e aumento benigno da próstata.

EXAME DO TOQUE

EXAME DO TOQUE

Esse é o exame tão temido entre homens, mas que de ruim ou constrangedor não tem nada. Com luvas lubrificadas, o médico insere um dedo no reto do paciente para sentir se há anormalidades na próstata, como nódulos e inchaços.

Alguns homens acham esse exame desconfortável, mas raramente dói. Inclusive, o toque é muito rápido, durando menos de 20 segundos.

Se o médico detectar alterações, ele poderá solicitar um exame de ultrassom e uma biópsia.

BIÓPSIA DA PRÓSTATA

BIÓPSIA DA PRÓSTATA

A biópsia é o único teste capaz de confirmar o diagnóstico de câncer. Nela, é usada uma agulha fina para remover pequenas amostras do tecido da próstata. Embora sua descrição assuste, a biópsia é simples e não dói, já que geralmente é feita com anestesia local e leve sedação. Além disso, o procedimento leva só 10 minutinhos e ocorre de forma ambulatorial.

As amostras colhidas são analisadas em laboratório. Elas não só conseguem detectar o câncer mas também classificar sua agressividade através da escala de Gleason que pode variar de 6 (menos agressivo) a 10 (mais agressivo). Essa informação é muito importante para que possam ser escolhidos os tratamentos mais adequados para cada pessoa.

Outros exames

Se a biópsia confirmar o câncer de próstata, o médico pode pedir outros exames para entender melhor o andamento da doença, como:

 

Cintilografia óssea 

 

Uma pequena quantidade de material radioativo é injetada na veia e uma câmera detecta se há radioatividade no esqueleto, a fim de investigar se o câncer se espalhou para os ossos.

Ressonância magnética

 

Esse exame é bem simples e indolor. Nele, o paciente entra em uma máquina cujas imagens ajudam o médico a avaliar detalhes anatômicos da próstata e a extensão local do câncer. Não é indicado para pessoas com marca-passo ou claustrofobia (medo de lugares fechados), ok?

Tomografia computadorizada

 

Semelhante à ressonância, mas usa raio-x, a tomografia “tira fotos” do interior do corpo, sendo capaz de ajudar a identificar se o câncer se espalhou para gânglios ou outros órgãos do corpo.

Vale lembrar que nem sempre é preciso fazer todos esses exames para obter o diagnóstico. O especialista solicitará os necessários de acordo com seu estado de saúde e histórico pessoal.

 

Tem cura? Como é o tratamento?

Sim, a cura é uma realidade. Agora você deve estar se perguntando “Mas porque tanta gente ainda morre da doença?”. A maioria das mortes acontece quando câncer é descoberto em estágios avançados, o que pode ser evitado com a realização de exames regulares.

 

Além da fase da doença, o sucesso dos tratamentos depende de outros aspectos, como velocidade de crescimento do tumor, idade do paciente e estado de saúde, em geral.

 

Há várias opções de tratamento, como remédios, radioterapia e cirurgia. Você e seu médico devem decidir em conjunto a melhor opção. Para isso, é importante esclarecer todas as dúvidas e pesar os riscos e os benefícios dos tratamentos, isolados ou combinados. Se quiser ficar ainda mais informado e seguro sobre sua decisão, busque a opinião de outros profissionais da saúde.

 

Continue lendo e saiba detalhes sobre as alternativas para tratar câncer de próstata.

Vigilância ativa

Em casos nos quais o câncer de próstata não se espalhou para outras partes do corpo, não provoca sintomas, cresce lentamente e está associado a um baixo nível de PSA (menos de 10 ng/m), o médico pode orientá-lo a não realizar um tratamento radical imediatamente, mas monitorá-lo através do exame de PSA, toque retal e biópsias para indicar o tratamento radical no momento que o tumor apresentar maior risco de progressão. 

 

Pode parecer estranho, mas é uma estratégia com intenção de cura, em que a ideia é prorrogar de forma segura e sem comprometer as chances de cura do paciente a adoção do tratamento radical, que pode ter efeitos colaterais permanentes.

Radioterapia

Outro método muito comum é a radioterapia. Ela usa radiação para destruir as células malignas, podendo ser externa – cujo aparelho se move ao redor do corpo do paciente, que fica deitado – ou interna – são implantadas "sementes" radioativas do tamanho de um grão de arroz no tecido da próstata.

 

Embora não cause dor alguma, a radioterapia pode gerar efeitos colaterais, como incontinência e diarreia.

Cirurgia de câncer de próstata

A abordagem mais comum é chamada de prostatectomia radical, nome complicado que não quer dizer nada mais que cirurgia de remoção da próstata. A glândula e o tecido ao seu redor são removidos por completo através de um pequeno corte na barriga, com uso de videolaparoscopia ou até auxílios de robôs.

 

A recuperação é rápida e é necessário o uso de uma sonda na bexiga por 7 a 14 dias.

 

Após o tratamento, é fundamental que você continue realizando exames rotineiros e mantendo hábitos saudáveis para garantir que o câncer fora eliminado por completo.

Como evitar o câncer de próstata?

Vai deixar esse problema te pegar despreparado? Saiba como iniciar a prevenção:

Alimente-se bem

Que tal adotar uma alimentação saudável, ou seja, rica em verduras, legumes, frutas, grãos e cereais integrais? Além de diminuir o risco de câncer, uma boa dieta também evitará doenças crônicas.

 

Aproveite também para reduzir alimentos gordurosos, como carne vermelha e óleos. Não precisa cortá-los da sua alimentação, apenas não exagere no consumo.

Alimente-se Bem
Deixe o Cigarro

Deixe o cigarro de lado

Não é novidade que fumar não é bom para saúde. O hábito aumenta, inclusive, as chances de ter vários tipos de câncer, como o de próstata.

Cuide do seu corpo

Manter o peso sob controle é essencial, já que sobrepeso e obesidade elevam os riscos de várias doenças, como o próprio câncer.

 

Já a atividade física anda de mãos dadas com a prevenção. Estudos mostram que praticar exercícios por pelo menos 30 minutos ao dia diminui os riscos de câncer de próstata.

Cuide do seu corpo
Checkup Anual

Faça checkups anualmente

Não deixe de consultar regularmente um médico e realizar todos os exames solicitados. Eles podem fazer toda a diferença na sua saúde e vida.

 

Se você tem mais de 50 anos ou apresenta fatores de risco, busque um médico urologista anualmente para discutir a melhor estratégia de rastreamento para você. Lembre-se que quanto mais cedo o câncer é diagnosticado, maiores são as chances de cura.

Existem complicações do câncer de próstata?

Assim como outros tipos de câncer, o de próstata pode prejudicar outras partes do corpo, seja pela propagação do tumor em si ou por conta do tratamento contra o câncer.

 

Complicações urinárias

Incapacidade de urinar ou esvaziar a bexiga - na minoria dos casos em que o câncer progrediu de forma extensa na próstata, ele pode causar obstrução da urina pela compressão da uretra. Felizmente é um sintoma raro no câncer de próstata e está relacionado a casos mais avançados.

 

Incontinência urinária - alguns homens que foram submetidos ao tratamento cirúrgico do câncer de próstata ou à radioterapia podem ter, como efeito colateral, a perda involuntária de urina. A complicação geralmente melhora sem tratamento em até um ano após a cirurgia, mas o processo de recuperação pode envolver desde reabilitação do assoalho pélvico até procedimentos cirúrgicos.

Complicações intestinais

O tratamento do câncer de próstata pela radioterapia pode causar alguns efeitos colaterais relacionados ao intestino grosso, como sangramento, dor ao evacuar e diarreia, originados pela proximidade da próstata com o reto. Apesar disso, felizmente esses efeitos colaterais são temporários e pouco frequentes.

Complicações nos ossos

Estágios avançados dessa doença podem acometer os ossos, gerando:

 

Dor

dor nos ossos é um sintoma comum em homens com câncer de próstata metastático e está relacionada aos locais para onde o câncer se espalhou. Os mais comuns são a parte inferior das costas, os quadris e as costelas;

 

Fraturas

quando o câncer se espalha para o osso, pode deixá-lo mais frágil e propenso a sofrer as chamadas fraturas patológicas;

 

Compressão da medula espinhal

o tumor pode comprimir a medula, causando dor lombar que irradia para as pernas; fraqueza, queimação ou formigamento nas pernas e pés;

 

Complicações sexuais

Uma das maiores preocupações dos homens é ter disfunção erétil devido ao câncer de próstata. A doença pode sim afetar a vida sexual de várias maneiras. Quer saber como?

 

Fatores psicológicos

depressão, ansiedade e cansaço são comuns em pacientes que lutam contra o câncer. E isso pode prejudicar o interesse e o desempenho sexual;

 

Tratamentos

em alguns casos, terapia hormonal, radioterapia e cirurgia podem causar distúrbios de ereção.

 

Embora o risco seja verdadeiro, já existem tratamentos que ajudam a melhorar o desempenho sexual de quem tem ou teve essa doença. Portanto, não desista de ter prazer!

 

O câncer de próstata é uma doença grave, mas exames rotineiros podem ajudar no diagnóstico precoce e melhorar as chances de sucesso no tratamento.

 

Não deixe de realizá-los anualmente e procure um profissional da saúde ao perceber quaisquer sintomas.

Fontes: