SÍNDROME METABÓLICA

Já ouviu falar na síndrome metabólica? Veja como evitá-la

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Já ouviu falar em síndrome metabólica? Trata-se de um conjunto de doenças que se manifesta em uma pessoa pela presença de fatores de risco para diabetes tipo 2 e doença cardiovascular. Entre suas manifestações, estão grandes quantidades de gordura abdominal, hipertensão, baixo colesterol HDL e taxas elevadas de triglicerídeos e glicemia.

 

Mas, o que essas doenças têm em comum? É simples, todas elas têm como base a resistência à ação da insulina – hormônio responsável pelo processamento da glicose, ou seja, o açúcar no sangue. Por isso, essa condição também é conhecida como Síndrome de Resistência à Insulina.

 

Uma coisa importante para prestar atenção é que não estamos falando da diabetes tipo 2, mas de outras doenças que podem elevar o risco do desenvolvimento dela.

 

Essa é uma doença da civilização moderna associada à obesidade e muitas vezes fruto de alimentação inadequada e sedentarismo. Devido à falta de sintomas, ela é considerada uma condição séria e um dos principais desafios da Medicina. Para você ter uma ideia, hoje, uma em cada cinco pessoas nos Estados Unidos sofre com a síndrome, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, e os números no Brasil não são muito diferentes.

 

Quando não tratada, a síndrome metabólica aumenta o risco de desenvolver doenças cardíacas, derrames e diabetes. Entretanto, ela é evitável e reversível por meio de alterações no estilo de vida.

 

Ainda tem dúvidas? Então continue conosco e acabe com elas.
 

O que é a síndrome metabólica?

Para receber o diagnóstico de síndrome metabólica, é preciso sofrer com três ou mais das seguintes condições:

Obesidade central

Em homens, circunferência abdominal maior ou igual a 102 centímetros.

Triglicérides em excesso

Triglicérides são um tipo de gordura que pode vir de alimentos, mas também é produzido pelo fígado. 

Colesterol HDL baixo

Também conhecido como colesterol bom, o colesterol HDL (sigla em inglês para lipoproteína de alta densidade) ajuda a evitar o acúmulo de gordura nas artérias. É por isso que a baixa concentração dessa substância no sangue traz riscos à saúde. 

Pressão alta

A hipertensão arterial também aumenta o risco de desenvolver doenças cardíacas, AVC e complicações renais.

Glicemia elevada

Se refere à quantidade de açúcar no sangue e está associada à diabetes. 

Por que esses fatores são agrupados na síndrome metabólica?

Como falamos anteriormente, as condições que compõem a síndrome metabólica têm como causa comum a resistência à insulina, um hormônio que ajuda a processar a glicose, assim como gorduras e proteínas.

 

Quando o organismo se torna menos sensível à ação da insulina, tenta compensar produzindo maior quantidade desse hormônio. Ou seja, você acaba tendo muito mais insulina do que o necessário circulando pelo corpo e esse excesso gera anormalidades características da síndrome metabólica. 
 

Quais são os sintomas da síndrome metabólica?

Assim, como acontece com a diabetes tipo 2, pode ser que você não perceba os sintomas da síndrome metabólica, o que explica porque ela demora a ser descoberta. No entanto, existe um sinal que dificilmente passa despercebido: o excesso de gordura abdominal, popularmente conhecido como aquela famosa “barriguinha de chopp.”

 

Com o tempo, o distúrbio pode se tornar mais evidente, já que as pessoas afetadas têm risco maior para o surgimento de doenças graves, como as cardiovasculares e a diabetes.

 

Em geral, a síndrome metabólica se manifesta com:

 

  • Manchas escuras e aveludadas na pele;
  • Fraqueza;
  • Fadiga;
  • Rápido ganho ou perda de peso, em especial no abdômen;
  • Dificuldade de concentração;
  • Inchaço;
  • Flatulência;
  • Constipação ou diarreia;
  • Náuseas e vômitos;
  • Pressão alta.

 

Alguns fatores de risco associados a essa síndrome, como hipertensão e glicemia elevada, podem ter seus próprios sinais e sintomas. Fique de olho e descubra quais são:

 

Sinais e sintomas de glicemia alta

Se o seu nível de açúcar no sangue for muito alto, você apresentar:

Muita sede;

Excesso de urina;

Fome excessiva;

Emagrecimento;

Cansaço;

Apatia;

Visão
embaçada;

Pele seca;

Dificuldade de cicatrização;

Dor de cabeça;

Alteração do comportamento.

 

Sinais e sintomas de pressão alta

Geralmente, a hipertensão arterial não apresenta sinais ou sintomas. No entanto, alguns casos iniciais da doença podem ter:

Dor de cabeça;

Falta de ar;

Visão borrada;

Zumbido no ouvido;

Sangramento
pelo nariz;

Tontura;

Dores no peito.

 

Se você sofre de diabetes, hipertensão, obesidade e/ou tem problemas cardíacos, não conviva com a dúvida! Procure seu médico. Ele saberá avaliar o seu caso, obter um diagnóstico preciso e indicar o melhor tratamento para a síndrome metabólica.

Existem fatores de risco?

Como quase tudo na vida, alguns fatores de risco da síndrome metabólica podem ser controlados e outros não. Veja detalhes sobre cada um deles:

 

Fatores de risco não controláveis

Genética

Algumas pessoas têm predisposição genética para essa síndrome.

Idade

O risco da síndrome metabólica aumenta com o envelhecimento, embora também possa ocorrer em jovens.
 

Etnia e sexo

Certas origens étnicas têm maior tendência para a síndrome metabólica, como africanos, hispânicos, asiáticos e norte-americanos. Além disso, ela ocorre com mais frequência em homens do que em mulheres.

Histórico pessoal ou familiar de diabetes

85% dos portadores de diabetes tipo 2 também têm síndrome metabólica e maior risco cardiovascular. Histórico de diabetes na família aumenta a probabilidade de desenvolver o problema.

 

Fatores de risco controláveis

Sobrepeso e obesidade;

Sedentarismo;

Tabagismo;

Estresse;

Uso de medicamentos

Certos remédios têm como efeito colateral ganho de peso ou alterações na pressão arterial, colesterol e glicemia. Entre os mais comuns, estão os que tratam inflamações, alergias e depressão.

 

Se você apresenta um ou mais fatores de risco, procure um médico e mantenha seus exames em dia. Assim, você age rapidamente e consegue barrar o avanço dessa síndrome.

Como é feito o diagnóstico da síndrome metabólica?

Já falamos de quase tudo sobre essa síndrome, agora resta você saber como ela é diagnosticada. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia define que uma pessoa é portadora da síndrome metabólica quando apresenta três ou mais critérios abaixo:

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Circunferência da cintura

 

Para homens é considerada um fator de risco se estiver acima de 102 centímetros.

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Nível de triglicérides

 

Dosagem acima de 150 mg/dL é sugestiva de síndrome metabólica.

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Colesterol HDL

 

Níveis inferiores a 40 mg/dL para homens sugerem o diagnóstico de síndrome metabólica.

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Pressão arterial

 

É um fator de risco quando igual ou superior a 130/85mmHg.

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Açúcar no sangue

 

Valores em jejum a partir de 100 mg/dL representam risco metabólico; entre 100 e 125 mg/dl sugerem pré-diabetes e, acima de 126 mg/dL, indicam diabetes.

 

Se você tiver três ou mais desses fatores, fique atento: suas chances de ter a síndrome metabólica são altas. Caso esteja em dúvida sobre o diagnóstico, não pense duas vezes em procurar ajuda de um médico endocrinologista. Ele saberá avaliar o seu caso e pedirá os exames necessários para fazer o diagnóstico e, se for preciso, indicará o tratamento mais adequado.

Afinal, síndrome metabólica tem tratamento?

Mais da metade da população brasileira (60,3%) está acima do peso, segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019. Trata-se de um número alarmante, não só pelos problemas que essa condição acarreta, mas também pelo fato de que ela está intimamente ligada à síndrome metabólica.

 

Considerada um mal da atualidade, a síndrome metabólica eleva de forma significativa as chances de ter problemas cardiovasculares, diabetes e outras condições. Mas felizmente é possível tratá-la com hábitos simples.

 

Adote hábitos saudáveis

Essa síndrome está associada a sedentarismo, obesidade, hipertensão arterial e maus hábitos alimentares. Por isso, é preciso que você repense o seu estilo de vida para tratá-la.

 

Pratique exercícios físicos com regularidade, adote uma alimentação saudável e se afaste de coisas prejudiciais à saúde, como cigarro e álcool. Na dúvida, deixamos várias dicas aí em cima para você.

 

Remédios para síndrome metabólica

Como nem tudo é tão simples nessa vida, em alguns casos, é necessário recorrer a medicamentos para controlar a doença, como:

Anti-hipertensivo;

Remédios para controlar o colesterol;

Medicamentos para diabetes.

Já a terapia de reposição de testosterona é indicada quando a síndrome metabólica ocorre junto ao hipogonadismo.

Como evitar a síndrome metabólica?

Vai deixar essa condição te pegar desprevenido? Então fique de olho nas nossas dicas de prevenção.

 

Alimente-se bem

Considerando que a causa mais comum dos problemas ligados à insulina é o depósito de gordura nas vísceras, ter uma alimentação balanceada e rica em vitaminas, fibras e nutrientes é essencial. Veja algumas dicas:

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Consuma alimentos ricos em fibras

 

Fazem parte desta lista frutas, legumes, leguminosas e alimentos integrais;

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Reduza o açúcar

 

Alimentos e bebidas ricos em açúcar alteram seu metabolismo e seus níveis de insulina;

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Evite gordura saturada
e trans

 

Opte por carnes menos gordurosas, como frango e peixe. Além disso, troque o leite integral pelo desnatado e limite o consumo de alimentos industrializados;

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Quanto menos sal, melhor

 

Existem inúmeras opções de temperos naturais que podem substituir o sal na hora de cozinhar. Outra dica é tirar o saleiro da mesa;

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Diminua as calorias

 

Procure diminuir o tamanho das porções e prestar atenção no que você está comendo.

 

Dê adeus ao sedentarismo

Muita gente tem preguiça ou até não consegue encaixar os exercícios físicos na rotina, mas vale a pena o esforço. São eles que ajudam a eliminar o excesso de gordura do corpo, manter o bom funcionamento dos órgãos e uma produção hormonal equilibrada.

 

Um bom começo é fazer 30 minutos de atividade moderada (por exemplo, caminhada rápida ou corrida) pelo menos cinco dias da semana. Essa é uma recomendação geral, visto que só um profissional poderá definir a meta certa para você.

 

Evite sobrepeso e obesidade

Se você está com sobrepeso ou obesidade, a perda de apenas 5% a 10% do seu peso total já fará a diferença na prevenção da síndrome metabólica porque contribuirá com a redução da pressão arterial, do colesterol e da glicemia.

 

Seu médico pode medir seu índice de massa corporal (IMC) e, se for o caso, ajudar você a fazer um plano de emagrecimento.

 

Largue o cigarro

Apesar de comum, o hábito de fumar traz diversos problemas de saúde. Mudança da percepção de sabores, dificuldade para respirar, batimentos cardíacos acelerados e doenças cardiovasculares são apenas alguns exemplos. Portanto, muito cuidado com o cigarro.

 

Já existem diversos métodos que ajudam a parar de fumar. Fale com seu médico e receba ajuda para atingir esse objetivo.

 

Limite o consumo de bebida alcoólica

Estudo publicado na revista Clinical Nutrition concluiu que o consumo de pelo menos sete doses de bebidas alcoólicas por semana foi associado ao maior risco de síndrome metabólica em indivíduos saudáveis.

 

Não estamos falando para você deixar de aproveitar o happy hour com amigos, mas faça isso com moderação.

 

Maneje o estresse

Como o estresse é um fator de risco para síndrome metabólica, vale adotar práticas para espantá-lo. Boas opções são meditação, ioga e técnicas de relaxamento, além de exercícios físicos.

 

Vá ao médico regularmente

Mais uma vez o médico. Buscar ajuda médica é sua melhor opção para prevenir essa e outras doenças. Ele monitorará seus níveis de colesterol, glicemia e pressão arterial.

 

Além disso, homens com obesidade, gordura abdominal elevada e/ou diabetes tipo 2 devem ser avaliados com relação ao hipogonadismo (deficiência de testosterona), que é um quadro associado à síndrome metabólica.

 

Caso você já apresente algum problema de saúde, serão prescritos remédios para controlá-lo. Nunca os interrompa por conta própria, pois isso poderá causar sérios problemas à sua saúde.

 

Quais são as principais complicações da síndrome metabólica

Ficou claro que um dos sinais mais visíveis de resistência à insulina é a obesidade, não é mesmo? Aquela gordurinha abdominal em excesso que a gente aprende a conviver no dia a dia, no geral, eleva em três vezes as chances de doenças cardiovasculares.

 

Isso acontece porque o excesso de gordura aumenta os níveis de triglicérides, causando um efeito duplamente ruim: faz com que nosso corpo elimine o bom colesterol (HDL) e potencialize a ação do mau colesterol (LDL), que se acumula nas paredes das artérias e as entope, aumentando assim a probabilidade de ter infarto do miocárdio.

 

Mas as complicações da síndrome metabólica vão muito além do aumento nas chances de desenvolver doenças cardiovasculares. Existem outras enfermidades que também estão na lista de riscos. Fique de olho em quais:

 

 

Diabetes

A resistência à insulina pode causar o aumento dos níveis de açúcar no sangue, ou seja, a diabetes tipo 2. 

AVC

Com a resistência à insulina associada à síndrome metabólica, o pâncreas passa a produzir quantidades cada vez maiores desse hormônio. Isso leva ao aumento da quantidade de sódio no organismo e consequente aumento da pressão arterial. A hipertensão, por sua vez, eleva a chance de acidente vascular cerebral (AVC) – também chamado de derrame. 

Disfunção erétil

A síndrome metabólica influencia diretamente a função erétil do homem, já que está associada a níveis de testosterona mais baixos do que o normal.

Doença renal crônica

A hipertensão, comum na síndrome metabólica, predispõe o aparecimento de doenças nos rins.

Gota

É aquela inflamação das juntas comum em pessoas com mais de 40 anos. Não se sabe exatamente o motivo, mas a síndrome metabólica é marcada por quantidades elevadas de ácido úrico, substância que gera a gota.

Aterosclerose

O acúmulo de gordura (geralmente proveniente do colesterol) nas artérias é outra complicação da síndrome metabólica.

Doença hepática gordurosa não alcoólica

Esse mal vem sendo considerado uma manifestação hepática da síndrome metabólica, embora a relação entre causa e efeito ainda não esteja clara.

Apneia

Médicos do Instituto do Coração de São Paulo (InCor) descobriram que a maior parte dos pacientes com síndrome metabólica tem apneia do sono – suspensão da respiração ao dormir.

Qual é a relação entre síndrome metabólica e hipogonadismo?

Em homens, a síndrome metabólica também está ligada ao hipogonadismo, condição na qual os testículos não produzem quantidade suficiente de testosterona, que é o hormônio que desempenha papel fundamental na saúde e sexualidade do homem.

 

O hipogonadismo também é um fator de risco para obesidade, gordura abdominal e diabetes tipo 2. Por isso, segundo recomendações da Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos (AACE), homens com diabetes tipo 2, obesidade ou circunferência abdominal aumentada devem ser avaliados para o hipogonadismo.

 

É importante lembrar que tudo é uma questão de equilíbrio. Faça a prevenção, cuide dos seus hábitos diários, fique atento ao seu peso e evite excessos. 

 

Não deixe de cuidar de sua saúde. Realize consultas e exames anuais e, em caso de alterações, avise seu médico. Assim, você poderá aproveitar tudo de bom que a vida tem para oferecer e ainda manter a saúde em dia.

 

Fontes: