HIPOGONADISMO

Você sabe o que é hipogonadismo? Te ajudamos a entendê-lo

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Você sabia que os homens podem enfrentar problemas com a baixa produção de testosterona em qualquer idade? É a essa deficiência do principal hormônio masculino que chamamos de hipogonadismo. Apesar de a queda da substância ocorrer naturalmente após os 30 anos, em alguns casos o processo acontece de forma muito intensa e prejudicial à saúde e à sexualidade. Por isso, é preciso estar atento aos sinais que seu corpo dá, assim como tomar os cuidados necessários para evitar a evolução do quadro.

 

Para você ficar por dentro do assunto, vamos explorar as principais causas, os sintomas e quais são os tratamentos para o hipogonadismo. Confira.

No fim das contas, o que é o hipogonadismo?

Hipogonadismo é uma doença caracterizada pela baixa produção do principal hormônio masculino, a testosterona. Essa substância é responsável pela função sexual e por importantes traços do sexo masculino, como o desenvolvimento apropriado do pênis, crescimento da massa muscular e alterações na voz durante a puberdade.

 

Vários fatores podem ocasionar a deficiência na produção da testosterona, a depender de sua classificação:

Hipogonadismo primário
Quando há algum problema nos testículos que faz com que eles não respondam adequadamente aos hormônios responsáveis pela produção de espermatozoides;

Hipogonadismo secundário
Quando há disfunção em duas glândulas localizadas no cérebro que têm funções endócrinas: o hipotálamo e a hipófise. Elas estão diretamente conectadas à produção da testosterona.

As classificações são muito importantes para que você e seu médico consigam entender, da melhor maneira possível, qual a origem da condição.

Andropausa é a mesma coisa que hipogonadismo?

Provavelmente você já ouviu alguém comparando alterações hormonais típicas do envelhecimento de homens e mulheres, muitas vezes até dizendo que a “menopausa masculina” é chamada de andropausa.

 

A verdade é que o termo andropausa não é mais adotado pela comunidade médica. Hoje em dia, os nomes corretos para a queda da produção da testosterona são hipogonadismo ou distúrbio androgênico do envelhecimento masculino (DAEM).

 

Inclusive, a queda hormonal feminina é bem diferente da masculina. Algumas das principais distinções entre os processos são:

Hipogonadismo não afeta todos os homens

 

Diferentemente das mulheres, a maior parte dos homens chega à terceira idade com níveis de testosterona dentro dos valores normais. Apenas um em cada cinco sofrerá algum tipo de alteração na produção hormonal.

Nos homens, a mudança é menos dramática

 

Para as mulheres, a produção hormonal (de estrogênio, no caso delas) cai repentinamente em certa idade – geralmente entre 45 e 55 anos, mas há casos nos quais ocorre até antes. Nos homens, a diminuição da testosterona tende a ser gradativa e lenta, estendendo-se por décadas.

Sintomas menos precisos

 

Justamente por acontecer de modo gradual, os homens, no geral, não costumam sentir muitos efeitos da queda da testosterona. Já as mulheres sentem muito mais a chegada da menopausa, que é marcada pelo fim da menstruação, ondas de calor, alterações no humor e mudanças na qualidade do sono.

Avanço da idade x testosterona: qual a relação?

Um fato importante é que a queda da testosterona não atinge obrigatoriamente todos os homens: apenas 20% são afetados pelo hipogonadismo após os 40 anos.

 

Ainda assim, vale lembrar que há uma queda natural na produção de testosterona em homens após os 30 anos e que isso vai acontecer de maneira progressiva e lenta – cerca de 1% ao ano.

 

De todo modo, é preciso estar com os exames em dia e sempre atento a possíveis sinais e sintomas, pois há outros fatores, além da idade, que desencadeiam o hipogonadismo:

Problemas de saúde
Algumas doenças afetam a produção da testosterona, como as hepáticas e renais, obesidade, artrite reumatoide e diabetes.

Medicamentos e tratamentos
São causas externas que também influenciam a testosterona, como o uso prolongado de corticoides ou analgésicos, radio ou quimioterapia e consumo excessivo de álcool.

Quais são seus sintomas?

Deu para perceber que o hipogonadismo traz alguns sintomas bem marcantes para nós, homens, certo? Afinal, a testosterona é responsável por diversas funções do corpo, tanto sexuais quanto físicas e emocionais.

 

Que tal checar as principais mudanças desencadeadas pela condição?

Sintomas sexuais

Diminuição ou
perda da libido:

 

Você pode ter
menos ou nenhum desejo sexual;

Disfunção erétil:

 

Pode haver dificuldade em ter ou manter ereções, ou, ainda, elas ocorrem
com o pênis menos rígido;

Menos ereções
espontâneas:

 

As ereções noturnas e
matinais acontecem em
menor frequência;

Redução do tamanho dos testículos:

 

Por serem os órgãos que produzem a testosterona, os testículos podem ficar menores conforme a produção do hormônio diminui;

Infertilidade:

 

Em alguns homens, esse é o sintoma que os leva a procurar um médico.

Sintomas físicos

O hipogonadismo masculino também pode causar mudanças físicas, a depender da fase da vida. Veja quais:

Em bebês:

 

O hipogonadismo pode influenciar o desenvolvimento do pênis e do saco testicular;

Na pré-puberdade:

 

O menino que passaria por mudanças marcantes em sua voz e em seu corpo – como o crescimento do pelos, o desenvolvimento do pênis e o ganho de massa muscular – não vê a transição acontecer. Inclusive, suas mamas podem se desenvolver;

Depois da puberdade:

 

Alguns dos sintomas mais comuns são perda de pelos do corpo e do rosto, osteoporose, redução de força, perda de massa muscular e aumento da gordura visceral (que provoca o aumento da barriga, ondas de calor, fadiga e anemia).

Sintomas psicológicos

O hipogonadismo pode, ainda, causar sintomas mentais, como:

Tristeza;
Depressão;
Irritabilidade;
Oscilações no humor;
Dificuldade para dormir ou outros distúrbios do sono, como apneia;

Pouca energia;
Falta de disposição;
Diminuição na autoconfiança e na motivação;
Dificuldade de concentração e memória.

Estou com sintomas, o que devo fazer?

É muito importante ter uma coisa em mente: o acompanhamento médico regular é essencial para o diagnóstico precoce de qualquer doença. Dito isso, se você sentir que seu corpo está diferente do usual, procure um médico o quanto antes. Dessa maneira, a investigação aprofundada e o olhar do especialista determinarão se há algum problema de saúde e como ele deve ser tratado.

 

A Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos, elaborou um teste de hipogonadismo – conhecido como teste ADAM. Ele pode ajudar na organização e no entendimento do que você está sentindo, mas, de maneira nenhuma, substitui o acompanhamento médico, certo? É mais um instrumento para você se autoconhecer.

 

Nunca é demais frisar: ao sentir qualquer sintoma, procure auxílio médico. Lembre-se sempre que a automedicação pode prejudicar a sua saúde e até mesmo mascarar sintomas, impedindo o diagnóstico preciso de uma ou mais doenças.

Como é feito o diagnóstico de hipogonadismo?

O diagnóstico do hipogonadismo ocorre em duas etapas. A primeira consiste na avaliação dos seus sintomas e estado de saúde. Depois, são solicitados exames laboratoriais para confirmar a baixa na produção da testosterona.

Avaliação clínica

Durante a consulta médica, o profissional fará uma série de perguntas para entender seu histórico de saúde e sintomas. Muitos médicos usam, inclusive, o teste ADAM nesta fase do diagnóstico.

Avaliação física

Então, o profissional da saúde observará alguns aspectos do seu corpo que se relacionam com a produção de testosterona, como:

- Quantidade e distribuição de pelos;


- Quantidade de massa muscular;

 

- Tamanho dos testículos;


- Desenvolvimento físico, no caso de crianças e adolescentes.

 

Exames de sangue

Alguns exames de sangue podem indicar como anda a produção de testosterona no corpo, entre eles, estão a dosagem de prolactina, FSH (folículo estimulante) e LH (luteinizante), testosterona livre, testosterona total e testosterona biodisponível. Caso o hipogonadismo seja primário, as chances de descobri-lo por meio desses exames são grandes.

 

É comum que o médico solicite a repetição dos testes para confirmar os resultados. Vale lembrar que, como os níveis de testosterona variam ao longo do dia, o ideal é que a coleta do sangue seja realizada nas primeiras horas do dia, entre 8h e 10h da manhã.

Outros testes

Mesmo após o diagnóstico, outros testes podem ser necessários para investigar a origem exata do hipogonadismo e para a segurança do tratamento:

Teste PSA

PSA

(antígeno prostático específico)

 

O médico precisa saber da dosagem do PSA antes do início do tratamento para excluir qualquer problema na próstata, como câncer, uma vez que o tratamento de hipogonadismo pode incluir reposição hormonal e, deste modo, acelerar o crescimento de algum tumor já existente. O exame também é solicitado periodicamente durante o tratamento.

Hemograma

Hemograma

 

O exame mostra se a composição do sangue está dentro da normalidade e dá informações específicas sobre os glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas.

Exames de Imagem

Exames de imagem

 

Por vezes, ainda se faz necessário uma ressonância magnética ou uma tomografia, principalmente quando há suspeita de hipogonadismo secundário. A ideia aqui é visualizar a base do cérebro, o hipotálamo e a hipófise, que, como já vimos, estão ligados ao sistema endócrino.

Como tratar hipogonadismo?

Embora pareça incomum e até mesmo assustador, o hipogonadismo tem tratamento. Por isso, nada de desespero. Os cuidados consistem na reposição hormonal da própria testosterona ou, se a origem da condição estiver nas glândulas do cérebro, de substâncias hipofisárias. Em casos mais graves, como tumor na hipófise, as alternativas são cirurgia e/ou radioterapia.

 

Existem diferentes modos de realizar a reposição hormonal, e todos têm seus bônus e seus ônus. Que tal entender quais são e suas possíveis consequências?

Reposição hormonal

Via oral 
É o método mais fácil e prático, uma vez que consiste apenas em tomar os comprimidos de testosterona, conforme a indicação médica. A parte chata é que, já que os níveis hormonais variam ao longo do dia, podem ser necessárias doses em diferentes horários. Como efeito colateral, há aumento considerável do risco de problemas hepáticos.

Adesivos e géis
Para uso tópico, há opção de adesivo ou gel. Geralmente, os géis de uso diário são mais indicados, pois têm menos chances de causar alergias do que os adesivos. Contudo, são o método mais caro. 

Injetáveis de curta duração
É a forma de reposição hormonal de testosterona mais utilizada, graças ao seu baixo custo. Consiste em tomar uma injeção do hormônio a cada duas ou quatro semanas. Como desvantagem, o paciente tem picos hormonais, geralmente nos dias seguintes à aplicação. Além disso, pode haver má circulação do sangue, o que resulta em tontura, dor de cabeça e até aumenta o risco de infarto. Por isso, pessoas com problemas cardiovasculares precisam ter ainda mais atenção ao optar por esse tratamento.
 

Injetáveis de longa duração
A diferença com o tratamento descrito anteriormente já está no nome. Geralmente, a aplicação é feita a cada 10 ou 14 semanas e não há tantas variações nos níveis de testosterona como no de curta duração. No entanto, caso haja alguma reação ao tratamento, é mais difícil fazer a transição ou a substituição para outro método.

Contraindicações do tratamento

Há algumas contraindicações para a reposição da testosterona no caso de hipogonadismo. Isso acontece por haver mais desvantagens do que vantagens na reposição nos seguintes casos:

- Câncer de próstata;
- Câncer de mama masculino;
- Câncer de fígado;
- Níveis sanguíneos elevados de cálcio associados a tumores malignos;
- Exame PSA alterado ou presença de nódulo na próstata, necessitando de um aprofundamento urológico no diagnóstico;
 

- Apneia do sono grave não tratada, uma vez que a testosterona está intimamente ligada ao sono;
- Alterações no hemograma em relação aos glóbulos vermelhos;
- Sintomas relacionados ao aumento da próstata, como dificuldade para começar a fazer xixi, gotejamento e sensação de esvaziamento incompleto da bexiga.
 

Aqui, fica bastante evidente o porquê é necessário procurar um médico, caso você tenha algum sintoma. A automedicação não deve ser feita: o tratamento indevido pode piorar algum outro quadro que você desconhece e que está causando a baixa produção da testosterona. Por isso, lembre-se: procure seu médico antes de ingerir qualquer remédio.

Benefícios do tratamento

Felizmente, o tratamento de hipogonadismo é muito eficaz. Com ele, todos os sintomas tendem a ser amenizados e, assim, você recupera sua qualidade de vida e saúde sexual. Uma maravilha, não é?

 

Os benefícios ocorrem em curto, médio e longo prazo. A melhora da libido acontece rapidamente, enquanto a restauração da massa óssea é mais demorada, por exemplo. Veja esses e outros ganhos:

Melhora da libido;

Menos oscilações de humor;

Restauração da massa óssea;

Aumento da força muscular;

Melhora da composição corporal, com aumento da massa magra e redução da quantidade de gordura;

Mais disposição e capacidade de concentração.

É muito importante ressaltar que os benefícios dependem da adesão e da continuidade ao tratamento de hipogonadismo. Caso ele seja suspenso, todo o quadro pode regredir. Por isso, nunca interrompa a medicação sem consultar seu médico de confiança.

Cuidados antes e durante o tratamento de hipogonadismo

Você deve ter notado que a reposição mexe bastante com o funcionamento do corpo, afinal, você passa a ingerir um hormônio sintético. Por isso, é muito importante fazer todos os exames solicitados para entender qual é o melhor caminho a ser tomado – e isso varia de pessoa para pessoa. Afinal, cada um de nós tem particularidades na composição corporal, nos sintomas e nas necessidades terapêuticas.
 
Durante o tratamento, os cuidados também devem permanecer. Alguns deles são:

Realizar avaliações periódicas

 

É preciso observar os sintomas físicos e emocionais, além de realizar exames laboratoriais para medir os níveis de testosterona. Geralmente, os testes são feitos com três, seis e 12 meses após o início do tratamento. Depois, passam a ser anuais.

Avaliação da densidade mineral óssea

 

Já que essa doença pode afetar os ossos e até levar a um quadro de osteoporose, é importante realizar exames para isso também. A periodicidade costuma ser também de três, seis e 12 meses.

Acompanhamento de próstata, glóbulos e plaquetas

 

Como o uso da testosterona sintética pode modificar a próstata, é de suma importância realizar exames de PSA durante o tratamento. Além disso, recomenda-se que um hemograma completo para acompanhar de perto possíveis mudanças na composição do sangue.

É possível evitar o hipogonadismo?

Você deve estar se perguntando “Mas é possível evitar o hipogonadismo?”. A resposta é: somente em alguns casos. Por exemplo, não há muito a se fazer naqueles que são frutos de tendências genéticas. De todo modo, vale realizar ajustes na sua rotina para não deixar a condição te pegar desprevenido.

Exercite-se

Você sabia que, além de auxiliar na manutenção e na perda de peso, atividades físicas podem ajudar na prevenção de doenças relacionadas à baixa testosterona, como obesidade e diabetes? Isso mesmo!

Para entender quanto tempo e quais exercícios são mais adequados para você, procure um profissional de educação física.

Alimente-se bem

Investir numa alimentação equilibrada é muito importante para regular o funcionamento do organismo como um todo. Estando bem-nutrido e com tudo o que o corpo precisa, as chances de desenvolver doenças são pequenas.

 

Além disso, a alimentação com comida de verdade também impacta na obesidade e na diabetes.

 

Procure um nutricionista e não vá na onda das dietas da moda. Cada organismo precisa de um plano alimentar que supra suas diferentes necessidades e portanto de um acompanhamento personalizado.

Faça checkups regularmente

Realizar exames anualmente como medida preventiva é a lição de casa a ser feita por todos nós. Somente com eles é possível detectar quaisquer condições precocemente, ou seja, antes que afetem a saúde e o bem-estar.

 

A prática é ainda mais importante a partir dos 30 anos, quando as mudanças hormonais passam a acontecer. Então, não deixe de fazer seus exames e fazer aquela visitinha ao médico, certo?

Quais as possíveis complicações?

Se você acha que o baixo nível de testosterona não representa um grande risco para sua vida, está enganado. O problema pode desencadear condições importantes, já que a redução do hormônio prejudica todo o organismo. Por isso, fique de olho nas consequências;

Doenças cardiovasculares

 

Um dos papéis da testosterona é facilitar a dilatação dos vasos sanguíneos. Quando há deficiência do hormônio, a probabilidade de doenças cardiovasculares aumenta.

Doenças
nos ossos

 

Como provoca a redução da massa óssea, o hipogonadismo pode levar à osteopenia - redução leve da densidade óssea – e, em casos mais graves, à osteoporose – enfraquecimento dos ossos que aumenta o risco de fraturas.

Diabetes

 

Você sabia que 30% dos homens diabéticos apresentam testosterona baixa? A diabetes tem uma relação de mão dupla com o hipogonadismo. Tanto o homem hipogonádico tem maior risco de desenvolver diabetes, quanto o com diabetes está mais suscetível a apresentar queda da testosterona.

Agora que você aprendeu muito mais sobre a baixa de testosterona, incluindo suas causas e tratamentos, esteja preparado para repensar sua saúde e hábitos. Se você já sentiu algum dos sintomas mencionados acima, pode valer a pena conversar com seu médico urologista, endocrinologista ou andrologista.

 

A sua melhor defesa contra problemas de saúde como o hipogonadismo é aprender tudo o que puder sobre o assunto, para poder cortar o mal pela raiz. Se você está pronto para recupera sua saúde sexual, psicológica e física, encara a conversa com seu médico.

Fontes: